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Artigos

v. 12 (2025): Antropologia do Direito no Brasil: Rumos e Reflexões a partir do VIII ENADIR

"QUANDO EU ENTREI NO CRIME NÃO TINHA FACÇÃO": MULHERES, TR´ÁFICO DE DROGAS E AGÊNCIA

DOI
https://doi.org/10.19092/reed.v12.934
Enviado
outubro 30, 2024
Publicado
2025-07-22

Resumo

Nos últimos dez anos, o encarceramento feminino no Brasil cresceu de maneira acelerada, superando a taxa de encarceramento masculino.  Atualmente, o Brasil ocupa a terceira posição mundial em relação ao número de mulheres encarceradas, sendo que no ano de 2023, cerca de 56% cumpriam penas por delitos relacionados ao tráfico. O estado de São Paulo destaca-se como o que detém o maior número de pessoas privadas de liberdade, incluindo uma população feminina expressiva. Pesquisas indicam que o Primeiro Comando da Capital (PCC) exerce um controle significativo sobre o mercado de drogas e mantém a hegemonia no sistema prisional paulista. Portanto, ao explorar as relações das mulheres com o mundo do crime, é crucial compreender como elas estabelecem e negociam suas conexões com essa organização. Através do conceito de agência, este artigo investiga através da realização de entrevistas semiestruturadas, a trajetória de três mulheres que cumpriam pena no ano de 2021 na Penitenciária Feminina de Santana, localizada na capital de São Paulo. Como considerações finais, é possível destacar que, mesmo em contextos de vulnerabilidade e adversidades, essas mulheres demonstram capacidade de decisão e ação, desafiando em alguns casos a estrutura organizacional do Comando, evidenciando sua resistência e autonomia

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