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Resumo: Neste artigo busco restituir parte de minha pesquisa de campo de doutorado realizada com autos de Destituição do Poder Familiar e profissionais que atuam com referidos casos. A partir da trajetória de Martine, demonstro alguns dos mecanismos pelos quais as famílias extensas são desconsideradas como arranjos de cuidado possíveis para as suas próprias crianças acolhidas. Demonstro, por meio de entrevistas coletadas, a presença de imposição da adoção como arranjo preferível ao investimento em famílias de origem por meio de diversas formas, dentre elas, a pressão sobre as técnicas das varas. À guisa de conclusão, aponto para o desequilíbrio entre o reconhecimento de novas famílias, dentre elas as receptoras de crianças pela adoção, e o permanente alheamento de direitos das famílias que perdem suas crianças para o Poder Judiciário e que, potencialmente, serão colocadas em famílias substitutas.