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O artigo descreve a dinâmica do processo decisório do STF no período de transição democrática, observando como os ministros que integraram o tribunal entre os anos de 1978 e 1988 se compuseram para decidir casos de controle abstrato de constitucionalidade. Nosso objetivo é identificar a formação de coalizões, e verificar se, e em que medida, as nomeações presidenciais e as trajetórias de carreira pregressas dos ministros ajudam a explicar essas coalizões, a partir do emprego do método de escalonamento multidimensional de votos W-Nominate. Concluímos que o STF foi bastante consensual no período de transição democrática, sendo que do total de 703 representações de inconstitucionalidade impetradas e julgadas no período, apenas 11% foram decididas de forma majoritária. O modelo mostrou que, embora a nomeação presidencial ajude a compreender a formação de coalizões, não é fator suficiente para explicar o padrão de divergência entre os ministros.