Ir para o menu de navegação principal Ir para o conteúdo principal Ir para o rodapé

Artigos

v. 2 n. 2 (2015): Revista de Estudos Empíricos em Direito

As pesquisas sobre o “sentencing”: disparidade, punição e vocabulários de motivos

DOI
https://doi.org/10.19092/reed.v2i2.81
Enviado
julho 31, 2015
Publicado
2015-07-30

Resumo

O presente artigo propõe-se a traçar um panorama das pesquisas empíricas, estrangeiras e nacionais, so- bre o processo de determinação da pena pela justiça criminal, o “sentencing”. Apontamos a trajetória des- se campo, suas principais conclusões, bem como os pontos cegos de tais estudos. O objetivo é descrever os caminhos desse conjunto de pesquisas de modo a mostrar como os mesmos nos possibilitam refletir sobre a problemática do padrão de funcionamento desigual da justiça criminal apontado não somente por muitos estudos, mas também pelo imaginário so- cial sobre a justiça criminal. A partir do levantamento da literatura sobre o tema, bem como da análise dos principais trabalhos apontados, propomos uma re- qualificação do problema da disparidade das senten- ças criminais, bem como indicamos um novo objeto a ser explorado e, assim, para novas possibilidades de pesquisa empírica sobre o sentencing.

Referências

  1. Adorno, S. (1994). Crime, justiça penal e desigualda- de jurídica: as mortes que se contam no tribunal do júri. Revista USP, 21, 132-151.
  2. Adorno, S. (1995). Discriminação racial e justiça cri- minal em São Paulo. Novos Estudos CEBRAP, 43, 45-63.
  3. Adorno, S., e Izumino, W. P. (2002). Fontes de dados judiciais. Fórum de Debates Criminalidade, Vio- lência e Segurança Pública no Brasil: uma dis- cussão sobre bases de dados e questões meto- dológicas. Temas Especiais. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA e Centro de Estudos de Segurança e Cidadania – CESEC, novembro 2002, 3-25.
  4. Albonetti, C. (1997). Sentencing under the Federal
  5. Sentencing Guidelines : effects of defendant char- acteristics, guilty pleas, and departures on sen- tence outcomes for drug offenses. Law and Socie- ty Review, vol. 31 (4), 789-822.
  6. Azevedo, R.G. (2014). Sociologia da administração da justiça penal, in R.S. Lima, J.L. Ratton e R.G. Aze- vedo (org.), Crime, polícia e justiça no Brasil (pp. 392-399). São Paulo: Contexto,
  7. Bachelard, G. (1938). A formação do espírito científi- co: contribuição para uma psicanálise do conhe- cimento. Rio de Janeiro: Contraponto, [1996].
  8. Bushway, S. D. e Piehl, A. M. (2001). Judging judicial discretion: legal factors and racial discrimination in sentencing. Law and Society Review, vol. 35 (4), 733-764.
  9. Cardia, N. (1999). Pesquisa sobre atitudes, normas culturais e valores em relação à violência em dez capitais brasileiras. Brasília: Ministério da Justiça/ Secretaria de Estado de Direitos Humanos.
  10. Chiricos, T. e Waldo, G. (1975). Socioeconomic status and criminal sentencing: an empirical assessment of a conflict proposition. American Sociological Review, 40, 753-772.
  11. Coelho, E. (1986). A administração da Justiça Crimi- nal no Rio de Janeiro: 1942-1967. Dados, 29 (1) 1, 61-81.
  12. Correa, M. (1983). Morte em família: representações jurídicas dos papéis sociais. Rio de Janeiro: Graal. Dixon, J. (1995). The organizational context of crimi- nal sentencing. American Journal of Sociology,
  13. (5), 1157-1198.
  14. Dubé, R., e Pires, A. P. (2009). La refondation de la so-
  15. ciété moderne, in R. Dubé, P. Gin, W. Moser et A.P. Pires (orgs), Modernité en transit / Modernity in Transit (pp. 111-135). Les Presses de l’Université d’Ottawa.
  16. Duff, R. A. e Garland, D (1994). (ed.) A reader on pun- ishment. Oxford : Oxford University Press.
  17. Engen, R. L. e Steen, S. (2000). The power to punish: discretions and sentencing reform in the war on drugs. American Journal of Sociology, 105 (5), 1357-1395.
  18. Foucault, M. (1975). Surveiller et punir. Paris : Galli- mard, [2008].
  19. Garcia, M. (2010). Le rapport paradoxal entre les droits de la personne et le droit criminel: les théories de la peine comme obstacles cognitifs à l’innovation, Tese de doutorado em Sociologia, Université du Québec à Montréal (Canadá).
  20. Garcia, M. (2014). Novos horizontes epistemológicos para a pesquisa empírica em direito: “descentrar” o sujeito, “entrevistar” o sistema e dessubstancia- lizar as categorias jurídicas. Revista de Estudos Empíricos em Direito, 1(1), 182-209.
  21. Greenberg, D. F. (1977). Socioeconomic status and criminal sentences: is there an association? Ame- rican Sociological Review, 42, 174-175.
  22. Hagan, J. (1974). Extra-legal attributes and criminal sentencing: an assessment of a sociological view- point. Law & Society Review, 8 (3), 357-384.
  23. Hagan, J. (1975). Law, order and sentencing: a study of attitude in action. Sociometry, 38 (2), 374-384.
  24. Hagan, J., Nagel, I., Albonetti, C. (1980). The differen- tial sentencing of white-collar offenders in tem federal district courts. American Sociological Re- view, 45, 802-820.
  25. Hogarth, J. (1971). Sentencing as a human process. Toronto: University of Toronto Press in associa- tion with the Centre of Criminology, University of Toronto.
  26. Hopkins, A. (1977). Is there a class bias in criminal sentencing? American Sociological Review, 42, 176-177.
  27. Johnson, E.H. (1957). Selective factors in capital pun- ishment, Social Forces, 36 (2), 165-169.
  28. Kant de Lima, R. (1989). Cultura jurídica e práticas po- liciais - A tradição inquisitorial. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 10 (4), 65-84.
  29. Lima, R. S.; Ratton, J.L. e Azevedo, R.G. (org.) (2014), Crime, polícia e justiça no Brasil. São Paulo: Con- texto.
  30. Luhmann, N. (1988). Cognition as construction, In H-G Moeller (2006), Luhmann Explained: from souls to systems (pp. 241-260). Chicago: Open Court.
  31. Lurigio, A., Carrol, J., Stalans, L. (1994). Understand- ing judges’ sentencing decisions: attributions of responsibility and story construction. In L. Heath et all, Applications of heuristics and biases to so- cial issues. New York: Plenum Press.
  32. Machado, M. R., e Ferreira, C. C. (2014). Exclusão so- cial como prestação do sistema de justiça: um retrato da produção legislativa atenta ao sistema carcerário no Brasil. Revista Transgressões, 3,
  33. -83.
  34. Martuccelli, D. (1999). Sociologies de la modernité.
  35. Paris : Gallimard.
  36. Moeller, H-G (2006). Luhmann Explained. From Souls
  37. to Systems. Chicago: Open Court.
  38. Oliveira, F.L.; Ramos, L.O.; Cunha, L. G. (2014). O Judi-
  39. ciário, a polícia e as leis na visão dos brasileiros, Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 8, 110- 123.
  40. Pires, A. P. (1994). La criminalité : enjeux épistémo- logiques, théoriques et éthiques, in F. Dumont, S. Langlois e Y. Martin, Traité des problèmes sociaux (pp. 247-277). Montréal : Institut québécois de re- cherche sur la culture.
  41. Pires, A. P. (1998). Aspects, traces et parcours de la rationalité pénale moderne, in C. Debuyst, F. Digneffe e A.P. Pires, A. P., Histoire des savoirs sur le crime & la peine 2. La rationalité pénale et la naissance de la criminologie (pp. 1-52). Bruxelles, De Boeck Université.
  42. Pires, A. P. (2004). La recherche qualitative et le sys- tème pénal. Peut-on interroger les systèmes sociaux?, In D. Kaminski, D. e M. Kokoreff (org.) Sociologie pénale : système et expérience. Pour Claude Faugeron (pp. 173-198). Ramonville Sait- Agnès : Édition Éres.
  43. Pires, Alvaro P. (2008). Introduction aux théories de la peine. Resumo do curso, inverno 2008, docu- mento não publicado. Ottawa: Departamento de Criminologia, Universidade de Ottawa.
  44. Pires, A. P. (2013), Naissance et développement d’une théorie et ses problèmes de recherche, in R. Dubé, M. Garcia e M.R. Machado (org.), La rationalité pénale moderne : réflexions théoriques et explo- rations empiriques (pp. 289-323). Ottawa, Les Presses de l’Université d’Ottawa.
  45. Pires, A. P. e Landreville, P. (1985). Les recherches sur les sentences et le culte de la loi. L’Année Sociolo- gique, 35, 83-113.
  46. Pires, A. P., Cellard, A., Pelletier, G. (2001). L’énigme des demandes de modifications législatives au Code criminel canadien, in Q. Bonastra (org.), Ré- gulation et Gouvernance : le contrôle des popula- tions et du territoire en Europe et au Canada (pp. 195-217). Une perspective historique. Barcelona : Universitat de Barcelona.
  47. Raupp, M. (2009). O (in)visível tráfico de drogas : um estudo de sociologia das práticas jurídicas. Revis- ta Brasileira de Ciências Criminais, n. 80, p. 346- 369.
  48. Raupp, M. (2013). La distinction école classique/école positive et la rationalité pénale moderne : une ré- flexion à partir du regard des sciences sociales sur la réforme pénale de 1984 au Brésil, In R. Dubé, M. Garcia e M.R. Machado (org.), La rationalité pé- nale moderne : réflexions théoriques et explora- tions empiriques (pp. 143-166). Ottawa : Presses de l’Université d’Ottawa.
  49. Reasons, C. (1977). On methodology, theory and ide- ology. American Sociological Review, 42, 177- 181.
  50. Ribeiro, C. A. (1995). Cor e Criminalidade: estudo e análise da justiça no Rio de Janeiro (1900-1930). Rio de Janeiro: Editora UFRJ.
  51. Ribeiro, C. A. (1999). As práticas judiciais e o signifi- cado do processo de julgamento. Dados, 42 (4), 691-727.
  52. Ribeiro, L. (2009). Impunidade no sistema de justiça criminal brasileiro: uma revisão dos estudos pro- duzidos sobre o tema. Research Paper Series, 48, Latin-american and Iberian Institute (LAII), New Mexico, University of New Mexico.
  53. Ribeiro, L. (2010). A produção decisória do sistema de justiça criminal para o crime de homicídio: análise dos dados do Estado de São Paulo entre 1991 e 1998. Dados, 53 (1), 159-193.
  54. Roberts, J. (2001). Évolution et conséquence de la réforme de la sentence au Canada. Sociologie et Sociétés, 33 (1), 67-83.
  55. Santos, B. S (1996). Os Tribunais nas sociedades contemporâneas: o caso português. Porto: Ed- ições Afrontamento.
  56. Savelsberg, J. (1992). Law that does not fit society: sentencing guidelines as a neoclassical reaction to the dilemmas of subtantivized law. American Journal of Sociology, 97 (5), 1346-1381.
  57. Sellin, T. (1928). The negro criminal: a statistical note,
  58. Annals of the American Academy of Political and
  59. Social Science,140, 52-64.
  60. Sellin, T. (1935). Race prejudice in the administration
  61. of justice, The American Journal of Sociology, 41
  62. (2), 212-217.
  63. Sinhoretto, J. (2014). Seletividade penal e acesso à justiça, in R.S. Lima, J.L. Ratton e R.G. Azevedo (org.), Crime, polícia e justiça no Brasil (pp. 400- 409). São Paulo: Contexto.
  64. Teubneur, G. (1989). How the Law thinks: toward a constructivist epistemology of Law. Law and So- ciety Review, 23 (5), 727-757.
  65. Thomson, R. J. e Zingraff, M. T. (1981). Detecting sen- tencing disparity: some problems and evidence. American Journal of Sociology, 86(4), 869-880.
  66. Tonry, M. (1995). Sentencing reform cross national bounderies, in C. Clarkson e R. Morgan (org.), The politics of sentencing reform (pp. 267-282). Oxford: Clarendon Press.
  67. Vanhamme, F., e Beyens, K. (2007). La recherche en sentencing: un survol contextualisé. Déviance et Société, 31 (2), 199-228.
  68. Vargas, J. D. (2007). Análise comparada do fluxo do sistema de justiça para o crime de estupro. Da- dos, 50 (4), 671-697.
  69. Vargas, J. D., e Ribeiro, L. (2008). Estudos de fluxo da justiça criminal: balanço e perspectivas. Anais do XXXII Encontro anual da ANPOCS. Caxambu, An- pocs.
  70. Vargas, J.D. (2014). Fluxo do sistema de justiça crimi- nal, in R.S. Lima, J.L. Ratton e R.G. Azevedo (org.), Crime, polícia e justiça no Brasil (pp. 411-422). São Paulo: Contexto.
  71. Wright Milss, C (1940). Situated actions and vocabu- laries of motives. American Sociological Review, 5 (6), 904-913.

Downloads

Não há dados estatísticos.